terça-feira, 5 de maio de 2009

ADAPTAÇÃO

Hoje, vi, depois de séculos, o filme Adaptação, de Charles Kaufman. E tem uma sequência em que ele está enlouquecido porque não consegue adaptar o livro e vai a um desses workshops de roteiro - que devem existir aos montes nos Estados Unidos - com um cara que deve ser o protótipo de Syd Field. Aí, o personagem se levanta e pergunta sobre a história que ele quer adaptar e na qual nada acontece, não há uma linha narrativa. Resultado: toma maior bronca do professor-instrutor-sabe tudo, sei lá... A alter-ego de Kaufman fala que o romance é como a vida: não acontece nada. E o professor grita: como não acontece nada ma vida! Tem gente sendo morta, tem isso, tem aquilo!
Aí fiquei pensando: cara, no meu filme não acontece nada. Aparentemente. O que se fala não tem a ver com acontecimentos do tipo tradicional da narrativa: mundo comum, equilibrado, rompe o equilíbrio e volta ao novo equilíbrio com os personagens modificados. Pobres dos meus personagens. Desiludidos... Esperam acontecer algo e não acontece. Frustrações como na vida comum.
Mas o professor fala: escolha um final. O final é que é o lance.

Nenhum comentário: