sexta-feira, 24 de abril de 2009

TRAILLER

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A "coisa"

Qual a coisa que eu queria? Pesquiso a adaptação de textos literários para o cinema há mais de 15 anos. Mas sou cismada com essa história há muito mais do que isso. Desde os tempos da faculdade, lá na década de 80, tinha uma ligação com a história. Começou com Carmem, de Prosper Merimée, que teve várias adaptações. Fiquei pensando tanto nisso que quando entrei para o mestrado na PUC fiz minha dissertação sobre adaptação. Aí era Rubem Fonseca, outra cisma. Adoro o que ele escreve. Até que dei de cara com o conto do Noll. Eu "vi" a história e achei que falar de amores que prometem e não se cumprem era sensacional. Sem contar que havia uma troca de lugares, que eu amei mais ainda. E essa era a "coisa". Não estou bem no que sou, esse outro poderia ser eu. Quero ser o outro. E vivo essa experiência. Só na literatura ou no cinema, eu posso fazer isso.
Tem ainda outra "coisa". Todos os textos sobre adaptação dizem: leia e se afasta do texto original. Mas eu amo filmes que leem e ficam ali grudados. Eu grudei. Eu queria fazer o filme como o texto. Essa foi minha experiência pessoal: tentar fazer um filme que fosse o mais próximo possível do texto original. Hoje, quando releio o texto, acho que está muito, muito parecido. E eu adoro isso! Não sei se funciona. É um filme onde nada acontece. Não há os chamados plot points. Nâo faz graça também. E eu sei que os curtas-metragens de ficção que fazem sucesso, em geral, são engraçados, alguma piadinha... Ops! Ok, há curtas que eu adoro e são inteligentes~, não apenas piadinhas. Mas no meu filme só rola supresa, apreensão e decepção. Como os amores líquidos, do Baumann.

Os atores

Quando escrevi, achei que era um filme no qual eu precisaria de atores de confiança. Gente que entendesse o que eu queria dizer. E caras bonitas porque queria caprichar na expressão dos rostos. Lembrei logo de dois grandes amigos: Shirley e Lino.
Achei que os dois trariam o que eu queria pra o filme. Mandei o roteiro para eles que logo toparam a empreitada. Ambos ocupadíssimos, mas dispostos a "perder" um final de semana para fazer um Noll no cinema.

Mas foi um desencontro, no início. Marquei com os dois, só Shirley pode ir. Depois marquei de novo. Só Lino foi e encarou uma macarrão fora do ponto. Até que um dia, acertei os dois juntos em um único ensaio, mas no qual a chamada "química" rolou de cara. Eu sabia! Eles eram meus personagens e ótimos atores, como são, fariam a "coisa" acontecer.